quarta-feira, 25 de abril de 2012

Entrevista: Bob Faria



Belorizontino, Bob Faria além de narrador, comentarista, músico, é formado em publicidade pela Puc Minas.  Nascido e criado dentro de emissoras de rádio, o filho de Osvaldo Faria não poderia ter um futuro diferente.

Scarpin: Porque o apelido Bob?
Bob: Meu pai resolveu me chamar assim quando eu era pequeno.  Eu tenho várias histórias, a mais divertida é que Bob era o nome do cachorro da minha mãe, assim que nasci ele morreu, ela ficou tão triste que resolveu me chamar de Bob.

Scarpin: Qual é sua formação acadêmica?
Bob: Estudei publicidade na PUC Minas nos anos 90, depois fiz o curso de jornalismo assim que o mesmo surgiu na Newton Paiva.  Em 1994, fui estudar cinema no exterior, pois queria ser diretor de comerciais.


Scarpin: Quais as suas principais experiências profissionais?
Bob: Eu comecei em rádio em 1985, como operador de áudio, bem garoto ainda. Fiz praticamente tudo dentro de rádio, até quando eu saí da parte técnica e fui para a parte jornalística. A partir daí, fui rádio escuta, redator, repórter, apresentador, editor, fiz tudo o que se pode imaginar em uma rádio. Depois fui fazer televisão também, fui repórter, redator, e hoje sou comentarista.

Scarpin: Seu pai é considerado um dos maiores jornalistas esportivos de Minas Gerais, isso te influenciou na hora de escolher o jornalismo como profissão?
Bob: Meu pai me influenciou em tudo na vida, engraçado, mas talvez ele não tenha me influenciado nisso. Não necessariamente, ele nunca virou pra mim e falou faça isso ou faça aquilo, ele nunca impôs nada na minha vida. Mas, minha primeira lembrança de vida é andando pelos corredores da rádio com ele. Nasci praticamente no backstage e quando me dei conta já estava ali. Tanto que eu tentei sair disso umas três vezes na vida e não tive êxito.
Digamos que ele tem uma influência como pessoa, como o homem genial que ele era. Empreendedor mais refinado que eu conheço. Ele tinha olho clínico para identificar oportunidades, talentos, de “mostrar a cara”.

Scarpin: Você falou que seu pai te influenciou como influenciou outras pessoas, você tem seu pai como ídolo?
Bob: Certamente, muito mais pela figura de pai que como um jornalista. Profissionalmente eu o admiro e respeito como eu admiro outras pessoas. Meu pai é uma pessoa indescritível. 

Scarpin: O numero de mulheres no futebol tem aumentado significativamente, a que se deve isso? E como você vê essa situação?
Bob: Na verdade, a participação das mulheres tem aumentado significativamente na vida, de forma geral. Seria uma hipocrisia dizer que somos iguais, porque não somos, somos diferentes e tem espaço para todo mundo e não há preconceito. É nítido que tem muito menos mulheres que possuem compreensão mais apurada do esporte como ele é hoje do que homem, mas isso é só uma questão de tempo. 

Scarpin: Qual o maior desafio enfrentado até hoje em sua carreira?
Bob: Foram vários, mas na minha primeira transmissão internacional que foi a transmissão do sorteio da copa do mundo em 1994, em Las Vegas, eu era garoto e tive que ir pra lá e traduzir ao mesmo tempo e na verdade foi uma prova de fogo.

Scarpin: A internet tem atrapalhado o jornalismo? Qual o seu ponto de vista sobre isso?
Bob: Bobagem. Nós vivemos num ambiente de convergência, finalmente.
O legal é a convergência do conteúdo, que é o que acontece, por exemplo, hoje quando faço um comentário para a TV Globo, não se sabe se as pessoas estão vendo ao vivo, se estão vendo na reprise do Sport TV ou Globo News, no site do Globo Esporte ou se alguém repassou para terceiros. Então, não temos mais o controle da plataforma. A gente não usa mais o termo: “eu faço jornalismo de televisão”, ou “jornalismo de rádio”, eu simplesmente faço o jornalismo. A plataforma é onde o telespectador me encontrar, onde ele achar a notícia. Nesse sentido, a internet é mágica. Só uma coisa me aborrece na internet, ela é o paraíso da covardia. As pessoas se escondem atrás do computador para falar coisas que elas jamais falariam pessoalmente.

Scarpin: Antigamente os jogadores jogavam por amor a camisa que vestiam, hoje a maioria joga pelo dinheiro e beija o escudo do time que paga mais. Como você vê isso?
Bob: É um mito muito grande, porque na verdade antigamente a indústria que não tinha muito dinheiro, sendo assim, não conseguia pagar tanto para tirar jogadores de renome de um determinado time.

Scarpin: A não obrigatoriedade do diploma de jornalismo te incomoda? O que você pensa a respeito?
Bob: Não me incomoda. Eu acho que isso é um jogo de competência. Existem ótimas pessoas produzindo bom conteúdo jornalístico e que não tem uma formação acadêmica e tem gente que passou a vida inteira na academia e não consegue escrever meia lauda. Porém, existem áreas do jornalismo que exigem essa formação, pois exige treinamento e técnicas que só conseguem ser desenvolvidas na faculdade e no mercado de trabalho.

Scarpin: Jornalista, comentarista, apresentador, músico, escreve roteiros, sobra tempo pra mais alguma coisa? E o que você ainda tem vontade de fazer? 
Bob: Tinha vontade de escrever um livro e acabei de concluir esse sonho. O livro foi lançado em novembro do ano passado, e se chama Grito de Gol.

Scarpin: Que conselho você dá aos estudantes que gostariam de ter uma carreira como jornalistas esportivos?
Bob: Amplie seus horizontes, buscando sempre coisas novas. Leia bastante e nunca foque somente em um determinado assunto, a comunicação é uma área muito ampla e deve ser explorada ao máximo.

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