O dia 21 de
Outubro de 2012 era pra ser mais um domingo comum na minha vida. Era. Em Belo
Horizonte, em função do aniversário da minha irmã, eu não tinha comprado
ingresso antecipado e por isso não tinha pretensões de assistir ao jogo
Atlético x Fluminense no Independência; ou eu pensava que não tinha. Eu e minha
irmã fizemos planos de ir pro Bar do Salomão, mas acabamos decidindo ir ver na
casa do meu cunhado. Já no ponto de ônibus esperando pra ir pra Pampulha, um
grupo de atleticanos que ia pro Estádio me mostrou que o final de semana
inteiro eu tentei me enganar, tentei convencer a mim mesma de que eu realmente
não tinha pretensões de ir ao Independência.
Ao ver aqueles
cinco atleticanos, debaixo do sol quente no ponto de ônibus, cheios de
esperanças e já entregues ao clima de decisão daquele jogo, sugeri à minha irmã,
meio que como quem não quer nada: “Iara, vamos pro Independência? O máximo que
a gente vai perder é o dinheiro do ônibus, não custa tentar!” Apesar da
aparência de que aquela era só uma ideia, e que não faria diferença o sim ou
não, tudo que eu precisava naquele momento era qualquer gesto de aprovação da
minha sugestão. E ele veio, pra aliviar toda a minha apreensão em pensar que eu
estaria tão perto e tão longe do Galo naquele dia. Era inaceitável. Na mesma
hora, um bombardeio de pensamentos passou pela minha cabeça: como eu poderia
ter duvidado da minha vontade? Como eu poderia ter desistido antes de tentar?
E, apesar de acreditar muito em destino, o que aconteceu domingo foi no melhor
estilo coincidências que só acontecem entre atleticanos: um carro parou do
nosso lado com dois alvinegros prontinhos pra ir pro Estádio, e quando
perguntei se nos dariam carona, eles reagiram tão prontamente e de forma tão
positiva, que foi quase como um “E você ainda pergunta?”.
Chegamos lá
sem ingresso, mas cheias de esperança assim como as centenas de atleticanos que
estavam na mesma situação que a nossa. O jogo começou e aqueles mais descrentes
já procuravam lugar nos bares ao redor, porque não valia à pena ir embora, não
valia à pena deixar aquela energia fantástica que estava no ar. E mesmo que
minha esperança de conseguir uma entrada fosse diminuindo a cada “Infelizmente
não tenho ingresso, moça” que eu escutava, a solidariedade e compaixão da massa
me encantavam ainda mais. Incansáveis na
nossa busca, ficamos todo o primeiro tempo rondando torcedores, quase
suplicando por um ingresso. E nada. Escutar somente o eco da Massa aos 21
minutos de jogo foi a pior e melhor sensação da minha vida. Pior por não saber por um milésimo de segundo o que estava acontecendo, e melhor por ser essa a prova de que não precisamos
ver o Atlético para crer no Atlético. Mas como uma espécie animal que tem sua
própria forma de se comunicar, mesmo que depois tenham arrancado ele de nós,
naquele momento eu sabia que tinha sido gol, eu sabia identificar a mensagem
que estava sendo transmitida pela minha Nação! E continuamos procurando... No intervalo do jogo, com
todas as chances esgotadas, resolvemos ir pra um barzinho ali mesmo, do lado do Independência. E assim foi o segundo tempo; mas dessa vez o alívio ou decepção vinham mais rápido, através dos radinhos dos outros torcedores.
Foto: Moacir Gaspar |
O segundo gol
do Fluminense foi um dos maiores baldes de água fria que já tomei na vida. Tão
gelado que me fez querer ir embora antes do jogo terminar e dar graças a Deus de
não ter conseguido ingresso (na verdade, acho que não ter conseguido foi um
castigo por tamanha fraqueza e desconfiança da minha parte). E quando eu já
caminhava pra ir embora ouvindo a torcida adversária entoar um canto
“originalmente plagiado” pela mariada, de novo o eco da massa tomou conta das
ruas! Mas esse grito era diferente. Tão diferente, tão intenso e tão
ensurdecedor que nem eu, pertencente ao bando, consegui decifrar. E após um
segundo de dúvida, toda angústia e toda desconfiança sumiram e deram lugar às
buzinas, aos gritos, aos loucos correndo na rua e aos sorrisos em meio às
lágrimas. Tudo isso parecia gritar no meu ouvido: NUNCA DUVIDE DO ATLÉTICO!
Nesse penúltimo domingo de
Outubro, eu me arrependi de ter duvidado do Atlético, eu me arrependi de não
ter ficado no bar pra ver o último gol, eu me arrependi de não ter comprado
ingresso antecipado e mais: eu me arrependi de por uns minutos, ter me
arrependido de sair de casa pra ver “aquilo”. Eu só não me arrependi, em
momento algum, de ser atleticana! Esse sentimento não oscila, não tem altos e
baixos, não é passível de dúvidas.
E agora que a emoção do momento
já passou, analisando friamente tudo que aconteceu, posso garantir que foi uma
das experiências mais fantásticas que eu já vivi na minha vida com o Atlético.
E digo mais: todo atleticano deveria experimentar a sensação de “quase estar no
Estádio”. Mas preparem suas gargantas, seus pulmões e seus corações!
Saudações!
Foto: desconhecido |
Foto: Gabriel Castro |
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