terça-feira, 23 de outubro de 2012

Lições de uma quase ida ao estádio!

Por: Moema Vianna




O dia 21 de Outubro de 2012 era pra ser mais um domingo comum na minha vida. Era. Em Belo Horizonte, em função do aniversário da minha irmã, eu não tinha comprado ingresso antecipado e por isso não tinha pretensões de assistir ao jogo Atlético x Fluminense no Independência; ou eu pensava que não tinha. Eu e minha irmã fizemos planos de ir pro Bar do Salomão, mas acabamos decidindo ir ver na casa do meu cunhado. Já no ponto de ônibus esperando pra ir pra Pampulha, um grupo de atleticanos que ia pro Estádio me mostrou que o final de semana inteiro eu tentei me enganar, tentei convencer a mim mesma de que eu realmente não tinha pretensões de ir ao Independência.

Ao ver aqueles cinco atleticanos, debaixo do sol quente no ponto de ônibus, cheios de esperanças e já entregues ao clima de decisão daquele jogo, sugeri à minha irmã, meio que como quem não quer nada: “Iara, vamos pro Independência? O máximo que a gente vai perder é o dinheiro do ônibus, não custa tentar!” Apesar da aparência de que aquela era só uma ideia, e que não faria diferença o sim ou não, tudo que eu precisava naquele momento era qualquer gesto de aprovação da minha sugestão. E ele veio, pra aliviar toda a minha apreensão em pensar que eu estaria tão perto e tão longe do Galo naquele dia. Era inaceitável. Na mesma hora, um bombardeio de pensamentos passou pela minha cabeça: como eu poderia ter duvidado da minha vontade? Como eu poderia ter desistido antes de tentar? E, apesar de acreditar muito em destino, o que aconteceu domingo foi no melhor estilo coincidências que só acontecem entre atleticanos: um carro parou do nosso lado com dois alvinegros prontinhos pra ir pro Estádio, e quando perguntei se nos dariam carona, eles reagiram tão prontamente e de forma tão positiva, que foi quase como um “E você ainda pergunta?”.

Chegamos lá sem ingresso, mas cheias de esperança assim como as centenas de atleticanos que estavam na mesma situação que a nossa. O jogo começou e aqueles mais descrentes já procuravam lugar nos bares ao redor, porque não valia à pena ir embora, não valia à pena deixar aquela energia fantástica que estava no ar. E mesmo que minha esperança de conseguir uma entrada fosse diminuindo a cada “Infelizmente não tenho ingresso, moça” que eu escutava, a solidariedade e compaixão da massa me encantavam ainda mais.  Incansáveis na nossa busca, ficamos todo o primeiro tempo rondando torcedores, quase suplicando por um ingresso. E nada. Escutar somente o eco da Massa aos 21 minutos de jogo foi a pior e melhor sensação da minha vida. Pior por não saber por um milésimo de segundo o que estava acontecendo, e melhor por ser essa a prova de que não precisamos ver o Atlético para crer no Atlético. Mas como uma espécie animal que tem sua própria forma de se comunicar, mesmo que depois tenham arrancado ele de nós, naquele momento eu sabia que tinha sido gol, eu sabia identificar a mensagem que estava sendo transmitida pela minha Nação! E continuamos procurando... No intervalo do jogo, com todas as chances esgotadas, resolvemos ir pra um barzinho ali mesmo, do lado do Independência. E assim foi o segundo tempo; mas dessa vez o alívio ou decepção vinham mais rápido, através dos radinhos dos outros torcedores.

Foto: Moacir Gaspar
O segundo gol do Fluminense foi um dos maiores baldes de água fria que já tomei na vida. Tão gelado que me fez querer ir embora antes do jogo terminar e dar graças a Deus de não ter conseguido ingresso (na verdade, acho que não ter conseguido foi um castigo por tamanha fraqueza e desconfiança da minha parte). E quando eu já caminhava pra ir embora ouvindo a torcida adversária entoar um canto “originalmente plagiado” pela mariada, de novo o eco da massa tomou conta das ruas! Mas esse grito era diferente. Tão diferente, tão intenso e tão ensurdecedor que nem eu, pertencente ao bando, consegui decifrar. E após um segundo de dúvida, toda angústia e toda desconfiança sumiram e deram lugar às buzinas, aos gritos, aos loucos correndo na rua e aos sorrisos em meio às lágrimas. Tudo isso parecia gritar no meu ouvido: NUNCA DUVIDE DO ATLÉTICO!

        Nesse penúltimo domingo de Outubro, eu me arrependi de ter duvidado do Atlético, eu me arrependi de não ter ficado no bar pra ver o último gol, eu me arrependi de não ter comprado ingresso antecipado e mais: eu me arrependi de por uns minutos, ter me arrependido de sair de casa pra ver “aquilo”. Eu só não me arrependi, em momento algum, de ser atleticana! Esse sentimento não oscila, não tem altos e baixos, não é passível de dúvidas.

        E agora que a emoção do momento já passou, analisando friamente tudo que aconteceu, posso garantir que foi uma das experiências mais fantásticas que eu já vivi na minha vida com o Atlético. E digo mais: todo atleticano deveria experimentar a sensação de “quase estar no Estádio”. Mas preparem suas gargantas, seus pulmões e seus corações!

        Saudações!
Foto: desconhecido

Foto: Gabriel Castro

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